quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

À CENSURA, AOS INSENSATOS, OGROS E CIA.


As palavras,

se nos foram podadas,

azar a quem as podou,

porque a poda só as fará florescer com maior vigor.

As palavras,

se foram cortadas pela raiz,

azar a quem as cortou,

porque assim entrarão para a história.

(Lara J Lazo)

FATO VERÍDICO E RIDÍCULO: UMA PÉROLA UNIVERSITÁRIA PARA RIR OU CHORAR.



Era um dia normal de aula... Saí apressada da sala, com um monte de atividades extra-classe para realizar. Inesperadamente, como uma fruta que despenca do pé na sua cabeça, um indivíduo conhecido parou-me no corredor. Não se tratava de um aluno. Com ar de soberba, o “sumo sacerdote do saber” passou a me cravar com perguntas idiotas. Com certeza não tinha nada de bom para fazer. As mais idiotas foram: - Por que você está disseminando Comunismo na faculdade? Qual a sua verdadeira intenção aqui?” Você faz parte de algum grupo mal intencionado infiltrado na universidade?

Até aí, não fazia idéia do que o indivíduo estava me acusando. Então, surpresa, perguntei: - O que foi que fiz?

Ele, revoltado, mas com um ar contido de superioridade, respondeu-me com outras interrogações: - Posso saber por quê você está traduzindo literatura russa para a revista bilíngüe de tradução, Modelo 19? Qual a sua verdadeira intenção nessa universidade? É fazer baderna comunista? - A minha surpresa foi então ainda maior! O que aquele maluco estava dizendo?! Eu não sabia se chorava, se ria até cair ou se escrevia uma crônica sobre as pérolas da democracia universitária. Ainda, quase perdi a noção temporal: “Será que estava na época da ditadura?” Perguntas tão estultas assombram e estonteiam!

Bem, só pude responder-lhe com outras questões: - Você sabe ler? Conhece a poesia de Anna Akhmátova? Sabe do que está falando? Você, pelo visto, não sabe ler coisa nehuma.

O indivíduo, com ar imbatível - e ridículo- , disse que não queria ver mais aquele tipo de “coisa” na revista de tradução de literatura e eu, claro, respondi que traduziria o que quisesse e que não seria ele e nem ninguém que iria me atrapalhar com tamanhas besteiras.

Só havia publicado a tradução de um poema de Anna Akhmátova, mais nada. Não havia intenção política, ideológica, ou qualquer outra! Era apenas a tradução de um excelente poema russo. E, onde estava a democracia? Que direito tinha aquele indivíduo tolo e soberbo de me esgotar a paciência com tamanho disparate? Ele era tão estulto, que não conseguiu nem compreender que a poetisa criticava o comunismo - seus poemas foram proibidos na Rússia comunista, se eu não me engano, de 1925 a 1952..

Esse tipo de visão não poderia jamais persistir, principalmente dentro de uma universidade. Eu não fazia idéia de que traduzir literatura russa ainda fosse sinônimo de disseminação comunista. Cretinos os que assim vêem as coisas! Retrógrados e ridículos!

Claro que não parei com as traduções e a revista ganhou outra poesia de Akhmátova!

Os tolos que se calem ou, pelo menos, não falem besteiras como essas!

(Texto: Lara J. Lazo)

(Foto: Anna Akhmátova /Aнна Ахмaтова )


domingo, 23 de dezembro de 2007

O murmúrio das calcinhas




Foi como tinha de ser. Tempo de paixão, tempo de maturação, tempo de infernização , tempo de revertério e tempo de transubstanciação. Pelo meio desses intermináveis ãos, todas as filigranas que entopem de dinheiro os bolsos dos analistas . Mas a gente nunca fez análise. A gente fazia diálise, porque nossos rins, depositários da energia vital, o prana cósmico, viviam dando tilt de tanto que a gente discutia. Discutia sobre o quê? As cretinices homéricas de todo sempre amém: religião, política, raça e família. Uma coisarada desproporcional ao tamanho de nossa mente, que só descansava quando nos voltávamos para as miticôndrias. Foi muito lenha queimada numa auto-combustão. Deu no que deu. Alguém apertou o pause. Péra aí, vamos repaginar, upgrade nas veias, pra até um dia, até talvez, até quem sabe, cruzarmos de novo. “Eu não sei em qual rua minha vida vai encontrar a sua”... once more.
Sobrou o murmúrio das calcinhas. “Por onde anda ele?” “ Cadê aquela mãozona que me maltratava?” “ Onde foi parar aquela voz me pedindo pra sumir?”
Sempre sobra encanto em algum canto. Talvez dentro de uma gaveta, insuspeita, matéria aparentemente inerte. Os físicos que se deleitem: dentre os multiversos, podem haver versos, ainda que tudo tenha se decomposto, mercúrio estilhaçado no chão... sempre haverá uma peça íntima tentando reunir os fragmentos, ingênua, bobinha. Ah...se a vida fosse apenas uma calcinha...


Maria Fernanda

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

A FACE DE UM DEUS QUALQUER E O FUNDO DA CAVERNA




Quase tudo são sombras em Ogrolândia.

Saio para dar uma volta, parando aqui e acolá para recolher impressões. Esbarram em mim seres doentes do corpo, do espírito, do intelecto. Há um único verbo impresso no código milenar da língua: RECLAMAR. Reclama-se das mazelas físicas, das depressões, de filhos, maridos amigos, políticas, dos outros. E nas faces, - aquelas que seriam a imagem e semelhança desse deus judeu da guerra que a bíblia vende, - um ar sinistro de rancor e desilusão. Deus deve ser pessimista, revanchista e feio. E também reclama-se dele. Cobra-se. Acusa-se. Gente acostumada a freqüentar templos e que nada aprende, nada percebe do essencial da existência.
As pessoas movem-se na escuridão, como se vivessem no fundo da caverna. O único ruído vem do roçar das asas dos morcegos. O breu assume inúmeras formas: pode-se encontrar amigos de infância empinando o nariz, ou por acharem-se importantérrimos em suas funções aldeãs, ou por terem ficado amigos do Ogro Mór e seu séqüito. Pode-se receber uma resposta seca ao telefone ao se pedir uma informação, como se a Ogra- Li do outro lado pudesse vislumbrar o riso que provoca com seu estilo mastodonte e sem educação. O reino de Ogrolândia , está em metamorfose.

Há explicaçãoes pra isso?
Of course, dears! (Claro que sim). Orolândia jaz circundada por montes. Geograficamente, portanto, está na categoria dos vales. Já dizia um sábio: a montanha separa. O reino vive, pois, à parte do mundo. Como um Shan-gri-lá às avessas. Shan-gri-lá, porém, tinha uma vasta biblioteca, e seus moradores sabiam deleitar-se com a essência do espírito humano e suas criações. Entupiam os olhos de belezas e a mente de preciosidades. E o seu viver era uma elegância só. O requinte da existência profícua e abundante.
Ogrolândia faz o caminho inverso: a balbúrdia pirotécnica freqüente dos rojões, parece querer anunciar aos quatro ventos: aqui falta cultura, falta leitura, faltam discussões brilhantes, idéias reconfortantes, espaços de crescimento interior...mas temos baldes de crianças de recuperação na escola(catastrófico), temos pão cascudo, circo armado , galpão de recreação e outras cositas más, e cultos, é claro, pra todos os gostos, de todos os sabores. É claro que o perfil de Ogrolândia é perfeito para as grandes reflexões religiosas. Mais que perfeito.

Saí para dar uma volta. E voltei matutando. A percepção do alto do castelo, de dentro do mosteiro, se confirma quando se sai à rua. Mas quando a atmosfera está densa demais, há que se esperar o temporal. Quem sabe, depois da terra arrasada, da chuva que lava, do afogamento, sementes de mostarda brotem...na caverna de um deus sem face.


Maria Fernanda

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007


“Aconteceu um prodígio durante a minha temporada escolar; e aconteceu tão repentinamente que ainda considero tal hora como uma hora de revelação. Foi num bonito dia de amena primavera, quando o ar estava repleto de cantos de pássaros e as cegonhas recompunham seus belos ninhos nos telhados dos casebres de barro. As águas haviam descido e novos rebentos verdes emergiam do chão. Em todos os jardins que tinham recebido sementes plantas brotavam. Era um dia que convidava à aventura, e era impossível permanecermos sentados quietos na velha varanda raquítica de Oneh onde os tijolos se desmantelavam ao menor contato. Eu estava riscando um destes símbolos perpétuos – letras a serem cortadas em pedra e traçando ao lado deles os sinais abreviados usados para serem escritos em cima de papel – quando de repente certa palavra esquecida de Oneh, determinado fulgor estranho dentro de mim, falou e deu vida àqueles caracteres. Os desenhos se tornaram uma palavra, a palavra uma sílaba e a sílaba uma letra. Quando juntei desenhos a desenhos novas palavras irromperam – palavras vivas, inteiramente distintas dos símbolos. Qualquer rústico pode compreender um desenho; mais dois juntos só têm sentido para um literato. Creio que quem quer que haja aprendido a escrever e a ler sabe que é que estou querendo dizer. Para mim tal experiência se tornou mais fascinante do que arrebatar uma romã o cesto de um vendedor de frutas; mais doce to que uma tâmara seca; tão deliciosa como para o sedento um bom gole d água.”

Mika Waltari em O Egípcio

A BARCA


A Barca transpõe as margens da lagoa... A imensidão escorre nas gotas brilhantes de sol.

A Barca corre, patina, desliza na solidão cristalina. Cristalina, nos Olhos-Que-Tudo-Vêem, templo do olho já morreu, jazigo de ouro nasce e permanece. Osíris, flor molecular, abre os braços e carrega a Barca nas Brumas de Avalon. Aquela múmia, à beira da lagoa, toma o posto de Ishtar, a deusa estrela, que some na ilusão solar. “Devolva as oferendas, deusa, que seu povo já morreu!” O Templo do Olho fechou as pálpebras aos brilhos de Amon e Aton. Ilusão atômica, pó-de-estrelas. A Barca corre dos papões de luz: buracos negros, trançados entre os átomos sinfônicos. Devastada a tradição, morrem as gigantes do deserto. Túmulos de história, não de homens. Mausoléus genéticos do mundo.

Gandhi é um sonho inatingível. A Guerra, a personalidade ilógica do homem.

Maiakovsky revoluciona! Akhmátova grita! Fernando Pessoa delira sabedoria... A Barca transpõe limites irreconhecíveis. Jackson Pollock dança Duncan em sua arte e o índio Dom Juan tem mais vida do que os vivos.

Elvis Presley e George Balanchine escandalizam os tolos.

A Besta segura a tocha.

E a Barca desliza...

Imita a eternidade em versos irrecuperáveis.

O Homem se virtualiza , não com a virtude, mas com a internet.

A natureza agoniza. O homem emburrece cada vez mais .

O Templo dos Deuses já morreu...

O Templo dos Homens está morrendo...

Pergunto: O que é a Barca?

Tempo.

Abarca o tempo...

Pergunto: Quem está na Barca?


(Autor: Lara J. Lazo - 11/12/07)

BAILE DE MÁSCARAS







Veneza, século XVIII. Aquele aguaceiro deslumbrante. Preciosidades arquitetônicas. Carnaval. Coladas às faces, máscaras de ourivesaria. Uma beleza. Em slow motion o cortejo feliniano cruza pontes e acena a sensuais gondoleiros de camisetas azul e brancas. O sol se põe ao fundo da cena italiana.
Espanta Barata, interior de São Paulo. Brasil, século XXI. Vinte e um? Desculpe o equívoco leitor amigo. Eu quis dizer século XII, com todo ar de medievalismo. Um charme a mais . Pois é, em Espanta Barata o Carnaval também dá andamento a suas alegorias patéticas. Ah, que deleite observar a movimentação das libélulas deslumbradas, dos Ogros decaídos, papagaios, periquitos, cágados e burros chucros na dança pelo “poder” nas próximas eleições. Repetem-se máscaras e fantasias. Tudo por dinheiro. “O povo? Que povo? Este “ pessoalzinho de merda que não tem onde cair morto?” – dizem os arquitetos de estratégias podres para estabelecer administrações igualmente podres, viciadas, falidas e anacrônicas.
Se você quer assistir a estas disputas o conselho é: fique na arquibancada. Sem pagar, é claro, porque o espetáculo é deprimente e não vale um tostão furado. Só vale pra gente refletir sobre o ridículo, o mal acabado, o palhaço, o boçal, o circo e a inquisição.
Em Espanta Barata, o tempo parou. Nada muda por aquelas bandas desde que o Big Bang se deu conta de si. E nós, os que por aqui humildemente observamos, nós os que temos atividade cerebral consciente, os que trabalhamos realmente pelo bem comum, nós os efêmeros e passageiros, nos tranqüilizamos . Manobras apodrecidas são para os sem capacidade de articulações inteligentes.
A gente fica assim, espiando de longe, ao largo, vendo as lagartas a devorar os próprios rabos(e os rabos dos outros). É uma jogatina sem igual, um alisa daqui, trucida dali, nem Sherazade conseguiria ser tão criativa em suas mil e uma noites. Personagens grotescos que rezam em benefício próprio pela cartilha da grana fácil e da pose embonecada.
O mais interessante de contemplar este processo é prestar atenção nas idéias brilhantes dos envolvidos, como por exemplo mandar uma carta cumprimentando o dono da quitanda porque ele colocou um cartaz na porta: “NÃO PONHA OLHO GORDO NO CHEIRO VERDE” . Ou então presenciar a instalação de uma comissão que vai averiguar quantas joaninhas tem pra cada pulgão nos pés de couve. Isso é de uma relevância tão fundamental que é de deixar a gente sem fala. Aliás, pelo resto da vida.
A nós, os humildinhos, os cientes de sua pobre condição humana esmagada sob o peso de milhões de vias lácteas, a nós realmente resta um olhar embevecido de compaixão a esta escória politiqueira desalinhada e vazias e os versos de Quintana: “estes que aí estão a atravancar o meu caminho, eles passarão...eu passarinho.”


Maria Fernanda

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

PEGA LEVE, IRMÃO!!!


IRMÃOS, estamos nos finais dos tempos, na beira do abismo... Tudo finda:

finda-a moralidade e finda-a ética;

finda-o recato e finda-o cinto-de-castidade;

finda-o saião, Pindamonhangaba (opssss)

finda-o-pó-de-café, finda a água-benta

finda-a polenta e finda-a calça de tergal do secretário;

findam-o fio-dental e o papel higiênico.


Já-que está tudo uma M_E_R_D_A (No blog não se pode dizer certas palavras, irmãos, então soletremos pausadamente), oremos:


- pela cesta-básica, que o amásio da cunhada do compadre do seu vizinho recebeu (um pacote de bolacha Marta; um suco Morto, mas não te Mato; um pirulito de Zoião e uma lata de Corumbá em conserva, com picles de salsichas emboioladas, quer dizer, embaladas a vá-cú-ooo)


JACA-GUEI


- pela visão político-ecológica, que fez brotar bolor verdinho e ácaros bem nutridinhos numa vasta coleção de livros públicos. A essa sumidade, responsável por feitos de tal magnitude, de causar inveja a qualquer tsunami:


JACA-GUEI


-por todos (-as) os que se submetem ao estrelismo, jaquismo, bichismo, burrismo, machismo, cultismo, exibicionismo, achismo e pseudo-perfeccionismo, irmãos...:


JACA-GUEI


Cantemos:


Louva e ajoelha-te

Põe-te a carregar

Os Fardus du senhor

SALVE

Como pesa a Jaca "Santa",

Que assenta-se pesada-mente,

No trono eterno da ociosidade,

Da ogrosidade,

OH!

AVE, AVE, AVE, chester

Peru, glu, glu, glu, glu


SALVE OGUM!


(Autoras: Fernanda Laurito e Lara Jatkoske Lazo)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Tem que ter Karma


É preciso ter karma!

A gente vê que há gente preocupada com a vida alheia, em determinar os pecadores e os escolhidos do Divino...

Mas, não faz mal, não!

Foi no mercadinho, não foi? Levou uns trocados e comprou... uma jaca?!

Eu sei como é... Saiu caro, né?!

Karma! Não se desespere!

Comeu a jaca e a coisa esparramou e ficou entalada na garganta?

Karma, que ela desce... Bate duro no estômago e deixa a cuca meio tonta, mas é mole...

A jaca dura muito tempo e vai entalando, entalando, comprimindo a mente e melecando a alma. Em seguida, fica muito mole mesmo.

Efeitos colaterais de jaca não são fáceis, mas para tudo há cura! O Olho da noite tudo vê; o Olho do dia tudo revela.

Liga-se no Dharma e faça reza brava, que de pouquinho a jaca vai minguando.

Ação e reação, é assim mesmo!

A vida é música... Alegria... Vamos cantar...:

Nessa Jaca tem bicheira,

Não Bixa ni mim, não bixa ni mim, não bixa ni mim.

Nessa Jaca tem bicheira,

Esqueci di mim, esqueci di mim.

DESJACA (ou, se preferir: DESJAQUE) a sua vida e acorda!

Sorria!!!!!!!!!!!


DESJACA TUDO!!!!

(autor: Lara J. Lazo)



A HISTÓRIA REAL

Jaca é um pequeno município localizado no Valle de Aragón, na Província de Huesca, no Nordeste de Espanha. Está situada mesmo no centro dos Pirinéus, junto à fronteira francesa. É a capital da comarca da Jacetania.

A HISTÓRIA SURREAL

Jaca vive em um pequeno município localizado no vale do
Corumbatai, é fresca, peste e tacanha. Situa-se no centro dos fariseus, junto à lampeira fraqueza. É a “maioral” das jacas doidivanas.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Oração Contra Jaquice e Gosmas Semelhantes


Oh, deuses, de todos os olimpos!!!!!
Livrai-nos de tanta mentira...
De tanta injustiça e falsidade...
Livrai-nos da jaquice que nos consome a dignidade...
Livrai-nos dessa sina deprimente, inculta e caquética!

Oh, deuses, de todas as sortes!!!!
Salvai-nos, please, de passar dias futuros
Sob tão má e vazia influência...
Da perversão dos valores educacionais,
Da imposição religiosa e estulta,
Pela síndrome de santismo do pau-oco.

Oh, deuses, de todos as culturas!!!!!!
Libertai-nos da mansidão tola do povo alienado,
Das infundadas práticas religiosas em ambiente escolar,
Daqueles que se dizem tão religiosos
E cometem mais crimes do que os ateus.

Oh, deuses e deusas!!!!!!!!
Ouçai-nos agora
Nesta oração singela,
Que soa a um triste lamento!

Salvai-nos da sina jaquenta,
Livrai-nos desse melado gosmento,

Que assim seja!

SAI, JACA!

(Autor: Lara Jatkoske Lazo)

sábado, 1 de dezembro de 2007

O FRASCO DAS VINTE AGULHAS





Numa reentrância de Gaia jaz o pequeno frasco transparente. As agulhas, acondicionadas como chineses em seus distritos, ou como uma cultura de bactérias in vitro, respiram . Moléculas de oxigênio movimentam-se , espremidas umas contra as outras, banhando-as no recipiente: nano câmara hiperbárica.
Augusto dos Anjos se revira entre vermes, estupefato, diante das unidades léxicas que poderiam ter saído de seu putrefato cérebro. Estupefato, putrefato, as palavras traiçoeiramente arrogam a si mesmas a atenção do leitor, escandalosas como pavões multissilábicos à revelia do contexto.
Mas as agulhas...ah...as agulhas. Cientes de seu espetar inconsciente. Intuitivas porém capazes de cravar dogmas. Títeres anoréxicos com poder concentrado: do macrocosmo da reentrância de Gaia ao microcosmo dos meridianos. Travessia, aprofundamento, o coser dos paralelos, das multiplicidades.
Inicia-se a viagem.
O rosto é sempre o mesmo rosto. A pegada nem sempre é a mesma pegada. Pegadas voláteis, táteis, dissolvidas no éter. Que éter? O etéreo, aquele de algum hemisfério conturbado. A dança simbiótica do corpo na vertical, e o corpo na horizontal. As agulhas clamam, escapam, oxigenadas pelo condão da função. Dardos enfeitiçados na luz própria da intenção alquímica do verso.
Verso? Reverso? Dorso? Tarso? Metatarso? Meta linguagem, meta-se a cura através da aninhagem do toque no ponto. E pronto.
Penumbra.
Desdobramento.
Dormitam as conexões em suspensão...os órgãos acolhem o impulso, pulsa o pulso em alfa. Ansiedade básica; escorrem as impurezas pelo pé da mesa, da cama, no chão, anjo da morte que tinge a porta do recinto. Morte? Minto...Sorte: serpente do labirinto.
Estado de semi consciência, passeiam escaravelhos espantando os maus espíritos entalhados nas paredes frias, impessoais. Quantos gemidos, alguns ais, a intimidade encapsulada em containers assepticos, insípidos, inodoros e incolores.
Entra o xamã.
Aperta o play, finda-se a pausa. O fluxo retoma seu atávico curso, moléculas , átomos, esferas, tudo volta à dança primeira . Uma nova cena recomeçará, esforço sobre humano , insano, multidimensional. Editada pelo cotidiano:

cada dia uma viagem astral.


Maria Fernanda Laurito
Julho/2007

terça-feira, 27 de novembro de 2007





A teoria da não existência de Deus fazia muito sentido. Ali meio difuso, holograma de mim mesmo, boiando naquela imensidão de éter, eu me deixara. Bendita sorte de encontrar-me pulverizado assim, um organismo indecifrável. Misturado, germinado, empoeirado, calcinado, deformado. Nem estrutura mais. Ah! Quão maravilhosa a sensação de, enfim, topar com a verdade escancarada: nunca houvera um criador . Eu apenas, criatura autopoiética. Bendita hora em que os arpejos de mamãe me levaram ao suicídio. Enfim a possibilidade de emaranhar-me em outras cordas. A musicas das esferas, tornando-se, por reverso , fonte de inspiração. Dívida de gratidão eterna, tão singela a maternidade. Tocante.
Ainda sob o efeito alucinógino da dissolução, vibrava. Inebriado ante a reconfortante ausência do Infundado, gozava. Profundamente comovido com a agudeza de espírito de mamãe, refletia... Poder ser pó, formular acordes sem estar de acordo. Fazer dobras na consciência , origami desorientado. O deleite de um tom desafinado!
Bastou um toque certeiro e o tempo retrocedeu. Tempo? Um lapso, um susto, elegia descompassada a algo que sou eu. Alegremente fui-me... e minha mãe nem gemeu.

Maria Fernanda (saiu no site da PIAUÍ - out/2007)

Como lemos



De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as Lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. maluco não???

terça-feira, 13 de novembro de 2007

JACATACAINDO

Jaca tá caindo
Jaca tá brotando
Jaca sem sentido
Jaca sai rolando

Jaca cai na beira
Jaca da aldeia
Jaca sem sentido
Jaca dá besteira.

Jacatacaldeia.
Jacatacafeira.
Jacatacomendo.
Jacatacadeira.
Jacatacou
Jacou!

Vou!
(Lara J. Lazo)

domingo, 11 de novembro de 2007

A TASCA DA MARIA MORCEGA





Tasca quer dizer botequim.

E era uma vez Maria Morcega. Vivia num lugar muito interessante: mistura de paraíso e fim do mundo. Maria Morcega tinha uma pequena taverna de aldeia, algo assim como um recanto, onde se abrigavam peregrinos para descansar após longas jornadas. A energia do lugar e suas peculiaridades, sons de passarinhos e cheiros de especiarias, acalmavam os viajantes.
Porém (e sempre há um porém) Maria Morcega tinha um traço de caráter peculiar: via o mundo de ponta cabeça. Portanto era de uma lucidez irretocável. Sob sua ótica, a lógica com a qual todos os seres estão acostumados simplesmente se invertia. O planeta da Maria era livre de todos os rótulos impostos desde sempre. Sua visão da vida representava um conceito novo de enxergar as coisas. Novo? Não era novo...o conceito era apenas desconhecido, “invisível” aos comuns mortais. Sempre estivera por aí e no mundo doido de agora, brotava dos confins da obscuridade e mostrava-se prenhe de possibilidades. Um conceito grávido de padrões possíveis, todinho à mostra. Em outras palavras: A Morcega entendia que nem tudo é como se vê, mas quase tudo pode ser como a mente deseja. A realidade é uma brincadeira de massinha, uma bobagem pra não se levar a sério com tanta ênfase e burrice como se observa por todo lado.

Maria Morcega sabia que existiam outros como ela e até já tivera a oportunidade de conhecer alguns: viandantes de passagem, que vindos de lugares distantes lhe diziam “neste século em que estamos, muitas coisas já perderam a razão de ser...o mundo manifesta-se mais veloz, mais complexo, e saber pensar sobre isto é a chave que abre muitos caminhos”... Estes “comparsas”, cúmplices nos mesmos universos paralelos, seres com olhos esbugalhados no meio da testa, formavam com Maria Morcega o clube dos que estão atacados de lucidez perplexa.

Já os comuns mortais, principalmente os aldeãos, por ironia os que enxergavam com dois olhos em plena luz do dia, encontravam-se irremediavelmente cegos. Também freqüentavam a Tasca falando sobre amenidades como “será que o Corintians vai ser rebaixado? “ ou “ se Deus quiser encontro minha alma gêmea” , observações tratadas como os mais profundos e significativos postulados filosóficos. Perdiam-se em divagações horizontais surfando na casca da serpente, enquanto no fundo da Tasca, as ondas eram vibracionais e o povo de um olho só, pendurado no batente das portas pra outras dimensões, despregava-se aos poucos e voava na crista do Dragão .

São existências paralelas a de Maria Morcega e seu bando e a dos comuns mortais e sua legião. Não há mais, nem menos. Alto nem baixo. Claro ou escuro. Melhor ou pior. Pólos apenas, magnetizados...um conduzindo a ilusão do que já ficou pra trás; o outro atônito diante das incertezas que tornam certo que tudo mudou de aspecto. Vetores da novidade milenar instalada. Assim seja.


Maria Fernanda Laurito

sábado, 3 de novembro de 2007

AVE, JACA!



A odisséia nervosa de uma jaca nervosa, num ogrosistema de captação de estagnação cultural.

Cuidado para a jaca não cair em sua cabeça!!!!



(Lara J. Lazo)


(Imagem retirada da revista Veja, 2007)

Cantemos a Jaca


A musa Jaca, no templo da poesia!

Pena os romanos não terem descoberto as qualidades da jaca... Virgílio, Ovídio, Horácio e todos os maravilhosos poetas clássicos da antigüidade. Hoje teríamos muito mais poesias sobre ela, tão belas como a que se encontra aqui ao lado.

Poetas modernos, se inspirem na Jaca e criem à vontade; se lambuzem no néctar dos ogros. Jaca é feita para ser cantada!

(Lara J. Lazo)

(imagem retirada da revista Veja, 2007)

A Odisséia Continua (ou contínua?)


A musa Jaca, no templo da música.

Se fosse nos tempos da Grécia Clássica, já existiriam tantas estátuas de jaca, nos museos de antigüidades...

Mas há lugares, garanto, onde jaca anda!


(Lara J. Lazo)


(retirado da revista Veja, 2007)

OS OGROS



No dicionário o significado está: “bicho-papão; ente fantástico”.
À primeira vista achei a explicação muito simplória, já que a idéia do bicho toma toda minha tela mental quando nele penso. Mas após estacionar um tiquinho no conceito, resolvi concordar com o Michaelis (... ninguém ainda me deu o Houaiss de presente, alô galera...).
Um ogro é realmente um ser fantástico e papa tudo que vê pela frente.
Se um ogro incomoda muita gente, muitos ogros incomodam muito mais. E existem ogros e ogras. Nem de longe se parecem com aquelas belezinhas do Shrek .
Estes sobre os quais falo infestam os arredores e têm as mais diversas formas: não são necessariamente gordos (embora também o sejam), nem necessariamente ateus. Uns tem mais cultura do que os outros, mas, invariavelmente, são seres unicelulares, portanto, com uma capacidade limitadíssima de elaborar qualquer coisa, seja um raciocínio de bom senso, seja uma atitude razoável, seja uma iniciativa louvável.
Segundo Elisabet Sahtouris em seu livro A Dança da Terra, “o mundo de criaturas unicelulares em uma gota de água é provavelmente semelhante ao que era há bilhões de anos, quando não havia criaturas maiores.” Deduzimos desta interessante fala da bióloga grega que seres unicelulares num minúsculo espaço são sempre os mesmos, reproduzem os mesmos comportamentos desde que o mundo é mundo.
Voltemos aos ogros: por analogia com os organismos unicelulares, ogros aglomerados numa pequena aldeia fictícia, por exemplo, conseguem mantê-la na idade paleolítica: descoberta do fogo e ferramentas de pedra lascada. É de lascar!
Para conseguir sobreviver, logicamente, um ogro ou ogra com esta estrutura mental precisa se juntar a outros. E é exatamente o que se observa nas povoações rústicas humanóides dos contos de fadas e demônios: hordas de 10 ou 12, no máximo 24 (!) papões papando nosso dinheiro, nosso espaço, nossos desejos de evoluir, nossa educação e nossa cultura. Seres fantásticos(no pior sentido do termo) que fazem a festa sozinhos e se lambuzam com os restos mortais dos inocentes úteis.
Todo mundo já viu um ogro soltando rojão e correndo atrás da vareta. Como já vimos os bichos encabeçando benevolências ao pobre povo (um sorvetinho aqui, um band aid ali), enquanto enchem os bolsos. Também já presenciamos ogros beatos que do alto, bem alto de suas podres convicções arrotam preces igualmente podres em direção aos incautos. E o que falar de ogrinhos arrogantes em cima de muros políticos ou balançando de acordo com o vendaval eleitoreiro, armando arapucas escondidas por detrás de favos de mel???
Será que merecemos?
Quem nunca prestou atenção nos ogros, de uma espiada em volta...Depois me escreva dizendo se não tenho razão. Aqui, do alto do meu castelo, observo sem ograr e sem perder a lucidez; só a cultura, o estudo e o conhecimento podem nos imunizar contra essa raça...mas tenho pena dos que são arrastados pela enxurrada.

Abaixo os ogros!!!!!!!!!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Eru(eros)dição


SENINLE SIKISMEK ISTIYORUM.


BENI TUM GECE SIKMENI.


SENIN ILE SEHVET DOLU BIR GECE ISTIYORUM.


DUDAGINA PARMAGINLA ILE DOKUN ISTIYORUM.

AZUIS DA COR DO MAR



Eles estão espalhados pelos quatro cantos do mundo. Vem chegando há mais de dez anos. Estas crianças têm-se tornado reais e assombram os mais experientes com suas ações, palavras e idéias. Você nunca se surpreendeu com a atitude de alguma criancinha? São constituídos de outra energia vital e sentidos como a esperança do presente e uma ponte fundamental para o futuro. São pequenos seres que povoam nossos lares e escolas, muito mais evoluídos que nós e é com eles que devemos aprender a quebrar nossos padrões cristalizados de comportamento; nossos desejos mesquinhos de poder, nossas máscaras deformadas coladas ao rosto, vestimentas com prazo de validade vencido.
Os “azuis” frequentemente acham caminhos melhores que os nossos para resolver as coisas.São vitais neste mundo tão conturbado, porque conseguem através da forte intuição enxergar além das três dimensões. Estão aí para nos ensinar e muitas vezes são vistos como indisciplinados, rebeldes e anti-sociais. Mas são os seres que representam a única esperança real de revitalização das forças do bem neste universo irreal. São os que movem energias a favor da superação do desastre planetário e humano anunciado e já em curso.
A todos nós adultos, pretensos formadores de opiniões, pais, professores, cabe a lucidez mínima e a humildade de perceber com quem estamos lidando. Cabe a reflexão sobre este novo aspecto da existência materializada. Assim, quem sabe, possamos deixar de cometer verdadeiras barbaridades contra miúdos e adolescentes, taxando-os de desobedientes, incapazes, inúteis, ineficazes, infelizes. Numa sala de aula, certa feita, podia-se ler num cartaz pregado na parede: “Você não nasceu para voar”... Estas falas anacrônicas e medievais, desconectadas do sonho e da compreensão, rasas e estéreis por natureza, podem servir apenas para destruir nas entranhas da terra fértil, as sementes de uma outra humanidade, mais equânime e evoluída, azul da cor do mar.


Maria Fernanda Laurito

Piripaque no Navegador


Navegar é preciso?


Depende do fluxo das ondas, carregadas de fótons ou bichos marinhos , luz ou numerinhos, bonitões ou bonitinhos. Quem navega chega a parte alguma. Dá voltas e se perde na imensidão do imedido, nooesfera camaleão. Nós não somos nós, vocês não são vocês e ninguém é ninguém, tá todo mundo no além...ou no aquém? Mar? Mar, praia - sol, interface, surf, tela de proteção, Matrix tá caduco, vídeos criaturas sem tesão...ou com? Ponto com.

Turbulência, temporal, ponte virtual por onde atravessa ...Aqua pi pir , peixe- água, redemoinho numérico, tela quadrada, equação cerebral, sem vida orgânica. Isso é só uma vida mental. Fecundante, mutantes. Casulo genial? Buraco "negro", nicho anti-matéria, vórtice sugador que aloja espíritos. Não, não queremos...DESEJAMOS ARDENTEMENTE.

SOMOS DEUSES.


(Lara J. Lazo e Maria Fernanda Laurito)

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Decifre!

"Não te deixarei entrar na Sala, disse a maçaneta da Porta, a menos que me digas meu Nome oculto.
O-Olho-fonte-de-Vida-do-deus-Sebek-o-Senhor-de-Bakhau, eis teu Nome."

(Do Livro Dos Mortos Do Antigo Egito)

terça-feira, 18 de setembro de 2007


"From the Hebrews we receive, incidentally, it is true, considerable information about the powers of the Egyptian magician. Saint Stephen boasts that the great legislator Moses "was learned in all the wisdom "of the Egyptians , " and declares that he "was mighty" in words and in deeds, " and there are numerous features in the life of this remarkable man which shew that he was acquainted with many of the practices of Egyptian magic. The phrase "mighty in words" probably means that, like the goddess Isis, he was "strong of tongue" and uttered the words of power which he knew with correct pronunciation, and halted not in his speech, and was perfect both in giving the command and in saying the word. The turning of a serpent into what is apparently an inanimate, wooden stick, and the turning of the stick back into a writhing snake, are feats which have been performed in the East from the most ancient period; and the power to control and direct the movements of such venomous reptiles was one of the things of which the Egyptian was most proud, and in which he was most skilful, already in the time when the pyramids were being built."

(BUDGE, Wallis. EGYPTIAN MAGIC;P. 5)

COR UM BA , TÁ



NO GROTÃO AO REDOR DO OGRO GROTESCO GRAVITAM GREMILINS GRÁVIDOS DE GRUPOS QUE GRUNHEM COM GRAVIDADE GRANDES GERÚNDIOS GOSMENTOS GRIFADOS PELO GABARITO GELADO E DESGASTADO DA GESTAPO.


Corroído


Umbilical


Babacal


Tá mal.





Bate macumba ê-ê, bate macumba- ô-bá...vem renovar este lugar.

(Fer e Lara)

ANATOMIA DO ESCÂNDALO


Estão os dois sentados ao redor da mesa, numa tarde maravilhosa de verão, degustando patas de gafanhoto empanadas, divinamente seguidas por um magistral suco de jacamanga gelado, quando um deles comenta com ar tranquilo: - que bela plumagem daquele filhote de colibri de meia idade!

- Tá chapado de gafanhoto??Pergunta o primeiro estupefato, tirando um fiapo de jaca do dente ( pô, tá duro de sair esse negócio daqui...)

- Como assim? Indaga o segundo vendo cair por terra, em vôo livre, sua observação romantizada de fim de tarde ( que pôr-de-sol inspirador).

- Colibri é coisa de vi...úva e lembra a cor pink. Plumas então, nem se fala: rinite alérgica, coceira rítmica e sifilítica, e filhote é aquilo que a gente pega pelo cangote, diminutivo de quase nada. Em suma, sua frase é estrambótica, irritante e melancólica.

-Você re-clama, re-chamando a chatice em nome da mesmice em compota. Seu pedaço de marmota. Marmelada ensebada, passada com faca enferrujada, sobre uma pia velha da tia de seu amigo Raméla.

- Nossa...tô pasmo...nunca esperei de ti tal repertório assaz repulsivo.


Levanta-se o desafeto revoltado da mesa, ainda com uma perna de gafanhoto fugindo pelo canto da bôca, em meio à baba rançosa do caldo de jaca escorrendo, dá um soco na parede com ar de Wolverine, sentindo-se senhor da situação e, completamente descontrolado, grita em alta clave:


-Odeio o sol que alimenta esse colibri!
(Fernanda e Lara)

Poema de Sechi


que não sei
serei o que não sou




que na vida
nada muda,

mudo eu...

SILÊNCIO!

(dos livros "eu, josé, vejo coizas com z" e "Quase Silêncio")

terça-feira, 11 de setembro de 2007

TAO


"Há uma coisa formada confusamente,
Nascida antes do céu e da Terra.
Silenciosa e oca
Permanece só e não se altera,
Gira e não se fatiga.
É capaz de ser a mãe do mundo.
Não sei o seu nome.
Então nomeei-a de `O Caminho`.
Dei-lhe o nome substituto de `O Grande`.
Sendo grande , é, além disso, descrito como descendente,
Descendendo, é descrito como distante,
Sendo distante, é descrito como voltando.

(Lao Tsé, Tao-Te-Ching- 600 AC)

Poeminha do Contra

Todos estes que aí estão
atravancando o meu caminho,
eles passarão...
Eu passarinho!

(Mario Quintana)

DUAS CIDADÃS "CERTINHAS" NA RAVE



Professoras, escritoras... Vem cá! É possível tal desatino?
Num mega evento de música Rave, o Goaa Festival, incrustado nos morros de Analândia, fritando até as estrelas, com seus tentáculos de laser a cutucar o céu, duas aventureiras na música eletrônica nacional e internacional, podiam ser vistas curtindo a novidade de maneira muito zen. Contraditório isso de rave e estado zen? Nem pensar! Foi exótico estar naquela “praça esotérica” de alta tecnologia a la decoração oriental, no meio de um simples pasto. O rústico contendo o moderno de uma forma muito curiosa. Ovídio teria descrito tal cena, como o templo do deus indiano Ganesh, soprado de flautas de metal, por um pastor enlouquecido. A soma da música à decoração repleta de Flores-de-lótus, ao colorido e ao brilho harmonizados com o ritmo dos Djs de diversas nacionalidades, acabou por gerar um estado estranhamente zen! Que mundo era aquele? Bom, ruim?... Não sabemos, mas vivemos sensações estranhas e tranqüilas num mundo novo para nós. Faces humanas robotizadas, sem cor e sem sorriso gostoso... Djs coloridos, animados e febris. Quanta contradição harmoniosa. O público estava meio estonteado, um tanto sem vida, sem brilho nos olhos... Ou será foram ofuscados pelo brilho do telão, dos lasers, da fantástica iluminação de neon e dos retro-projetores?... Dá o que pensar!
Cá entre nós, até comida vegetariana, temperada pelos braços de Krishina e suas Gopis, encontramos nesse local mega estranho!
O que mais se pode dizer dum local assim, tão paradoxal?!
Orgia temporal e temática? Rave místico ou misticismo eletrônico? Chacras quebrados, atormentados ou ativados? Estado cósmico ou alucinado? Dialogismo maluco, num contexto supra-verbal? O que diria
Mikhail Bakhtin sobre essa linguagem polifonicamente estrambótica? Segundo esse mestre da lingüística: “Duas vozes são o mínimo de vida.”
O Goaa Festival pode ser resumido num diálogo principal entre as vozes zen e natureba da filosofia oriental, e o espírito eletrônico de um ritmo tribal estridente e artificial. O humano e o eletrônico unidos, numa comunhão temporal.

Nem Jung explica!

(Lara J. Lazo: 9 de Setembro de 2007)

O pior é quando a jaca transpõe a jaquice

(Fer)

terça-feira, 4 de setembro de 2007

LEIA, REFLITA, APRECIE E CHEGUE A CONCLUSÕES, SE PUDER!


Trecho interessante, polêmico e muito belo da poesia latina do grande escritor da antigüidade clássica romana, Públio Vergílio Maro. O poeta, louvando o reinado de Augusto, por acreditar em suas promessas de paz e pela valorização dos temas relacionados à natureza naquela época, eleva o Imperador à posição de deus, através de versos maravilhosos. Foi considerado, por cristãos medievais, como um mago ao adivinhar o nascimento de Cristo; e, pelo escritor Dante, foi considerado o profeta do cristianismo. Muitos estudiosos, acadêmicos ou não, afirmam que o nascimento do menino, narrado na poesia, é simplesmente uma alusão a uma criança da família de César. Cada um tire a conclusão que desejar e não deixe de atentar para a beleza dos versos, antes de postar comentários:

Sicelides Musae, paulo maioria canamus;
non omnis arbusta iuuant humilesque myricae:

si canimus siluas, siluae sint consule dignae.
Vltima Cumaei uenit iam carminis aetas;

magnus ab integro saeclorum nascitur ordo.
Iam redit e Virgo, redeunt Saturnia regna;

iam noua progenies caelo demittitur alto.

Tu modo nascenti puero, quo ferrea primum
desinet ac toto surget gens aurea mundo,
casta, faue, Lucina: tuus iam regnat Apollo.

TRADUÇÃO:

Ó Musas da Sicília, cantemos, um pouco, as coisas mais elevadas;
A todos, os arbustos e os simples tamarindos não agradam;

Se cantamos as florestas, que sejam as florestas dignas do cônsul.

Da profecia de Cumas, a última época já chegou;

Nasce a grande série do conjunto dos séculos.

E a Virgem já retorna, e retornam os reinos de Saturno.
Agora, é enviada uma nova geração do alto céu.

Casta Lucina, tu, assim, favorece o menino que nasceu;

Por causa dele, primeiramente, a idade de ferro desaparecerá,
e a geração de ouro surgirá no mundo todo: tu, Apolo, reinas agora!


(Tradução: Lara J.Lazo. As Bucólicas (Bucolica), escritas entre 71/70 – 19 a . C.)
(FOTO: Públio Vergílio Maro)

PROVOCAÇÃO LINGUÍSTICA

Acalmem-se!!! Não é pornografia!


" Escobar,

Tenho passado mal. Chamaste-me a atenção para vários descuidos dos meus SERTÕES; fui lê-lo com mais cuidado e fiquei apavorado! Já não tenho coragem de o abrir mais. Em cada página o meu olhar fisga um erro, um acento importuno, uma vírgula vagabunda, um (;) impertinente...Um horror! Quem sabe se isto não irá destruir todo o valor daquele pobre e estremecido livro? [...]Quer isto dizer que estou à mercê [...] da férula brutal dos terríveis gramatiqueiros que passam por aí os dias a remascar preposições e a disciplinar pronomes! Felizmente, disseram também que o Victor Hugo não sabia francês." (Euclides da Cunha)
*férula: palmatória antigamente usada nas escolas para castigar os alunos.

Pó de Estrelas * * * * *

De repente tudo dá errado. Cai um caminhão de transportar rinoceronte obeso na nossa cabeça e a gente vira pasta da piada do tomatinho. Sabe aquela, dois tomatinhos atravessando a trilho do trem, um grita pro outro: “Olha o trem”, pffsssstt...”Já vi”...pffssstt.
Pasta. Aí a gente pensa: E agora, o que é que eu faço?
Presta atenção “ cumpadre”, que na atual conjuntura, o desespero, a neura, o medo, a fissura, a esquizofrenia, a deprê, via de regra, estão sempre associados a algo que contamina quase que todo mundo: falta de grana.
E pra quê?
Bota distância neste foco...
No lago tem um barco, no barco tem um garoto, uma vara de pescar na mão, um cão, uma calma infinita. Zoom para o alto, o barco minúsculo, perdemos de vista, saímos do local geográfico, do país, do continente, das esferas, da esfera, sistema solar, via Láctea, septilhões de estrelas ...
Convenhamos: somos poeira de estrelas, nosso papel está indelevelmente carimbado enquanto átomos a serviço do encaixe cósmico, do entalhe canônico, da oscilação quântica.
Quer dizer: vamos ficar arrancando os cabelos porque o gerente do banco ligou pela enésima vez??? Os bancos têm um lucro indescritível em cima das nossas noites mal dormidas...O conselho é: o que não tem remédio, remediado está. Vamos cortar as asinhas do sistema financeiro... Aí quero ver dono de banco tendo orgasmos porque escaldou, fritou e triturou mais gente do que conseguia pra ter lucro imoral e desumano...Sabe o que devemos fazer? Rapelar as contas e botar tudo em potinho de maionese, margarina, caixinha de disquete (pra ser mais moderna) igualzinho faziam os pioneiros desbravadores destes filmes cult que a gente assiste de vez em quando...
Pó de estrelas, é isto que somos. E em nome desta visão cosmogônica, saudações aos que entendem que a vida é breve, o tempo é curto, o trabalho é muito e o planeta precisa de auxílio (que com certeza não virá deste sistema capitalista bestial). As filigranas dos nossos problemas cotidianos tem uma dimensão muito estreita diante do Todo. Portanto, pó de mico neles...

(Autor: Fernanda (Fer))

O Racha e a Impotência Sexual

Há homens e homens... Dentre eles, uns necessitam de rojões para suprir a falta de potência sexual; outros, do carro. O homem busca recursos para atrair o sexo oposto de diversas maneiras: pela aparência física, pela inteligência, pela personalidade, pela conversa - fiada ou não,- ou pelo charme. Há, porém, aqueles que, sabe-se lá o motivo, parece que nada conseguem através de uma ou mais destas qualidades. Estes, então, precisam afirmar a masculinidade de formas um tanto inúteis à sociedade e a eles próprios, como, por exemplo, através de brigas por nada, rojões e rachas. Pegando no rojão ou no volante, sentem-se no ponto máximo da ereção, provavelmente há muito tempo por eles não alcançada. Nada como uma derrapada, uma cantada de pneus, para dizer: - Olha, sou macho mesmo, hein! - Gente, e há mulheres de menos visão, que se iludem por esse tipo de exibicionismo!!! É assim no reino animal menos irracional: o pássaro mais espalhafatoso do grupo consegue a fêmea; as penas mais coloridas conquistam mais e daí para a frente... Somos animais também, mas temos a inteligência para regular as atitudes. Custa usar um pouco, pelo menos, dessa qualidade que nos diferencia de outros animais? Gente, a impotência sexual tem cura! Procurar um médico é muito mais eficiente do que se servir de metáforas barulhentas e perigosas para conotar aquilo que vocês não tem conseguido.
Num racha, o cara acredita que está sendo o máximo dos machos do pedaço. Ri com estardalhaço, grita adoidado, berra que nem bicho raivoso, pensa que é importante... Quando bate o carro, machuca ou mata alguém, coisa que acredita que jamais acontecerá com ele, chora como um bebê e deixa de lado toda a macheza e responsabilidade. Desculpem-me pelo equívoco; deixa de lado não, porque não se pode pôr de lado aquilo que não se tem e responsabilidade e macheza são coisas que nunca tiveram esses exibicionistas de racha. Será que eles realmente não têm coisa melhor para mostrar de si mesmo? É o que parece, né?!

(Autor: Lara (Academia de ballet Napyév). Este pensamento complementa o texto, O Rojão e a Impotência Masculina, da Fer)


"Sendo mulher eu escancaro os tabus mas não revelo os mistérios." (Rita Lee)

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

DESDOBRAMENTO ASTRAL DA FRUTA EM QUESTÃO


`Nos pomares dos deuses, ele contemplou os canais...`


" - Enuma Elish, Sumer, c. 2500 AC " ( in_SAGAN, C. Cosmos )

DO LIVRO DE ZOROASTRO

`Toda prosperidade bem como adversidade vêm ao homem e às outras criaturas através dos Sete e dos Doze. Os Doze Signos do Zodíaco, como diz a Religião são os doze comandantes no lado da luz; e os sete planetas ditos como sete comandantes do lado da escuridão. E os sete planetas oprimem toda a criação e a entregam para a morte e a todas as faces do mal; os doze signos do Zodíaco e os sete planetas governam o destino do mundo.`

" O ùltimo Livro Zoroastriano, O Menok é Xrat"_in: SAGAN, C. Cosmos, p. 45.

O ROJÃO E A IMPOTÊNCIA MASCULINA




Nunca vi mulher soltar rojão. Daí vem minha teoria que, diga-se de passagem, já tem muito tempo de estudo e observação empírica in loco. Ou, em lôco, se preferirem. Loucos da aldeia.
Mas vamos à teoria: o grau de satisfação que um homem tem quando aperta aquela vara na mão, e logo em seguida, o deleite sádico de acompanhar o risco no espaço que culmina num orgásmico pum, só pode ser traduzido numa coisa: o meu amigo soltador de rojão não dá mais no couro ou, mais elegantemente: sofre de impotência crônica, ereção-geléia, ejaculação precoce ou absoluta falta de qualificativos para satisfazer uma mulher na cama.
Cismo até em pensar que já li algo a respeito numa destas brilhantes teorias psicanalíticas espalhadas por aí.
Há quem diagnostique essa compulsão pelo rojão qualificando-a pelo maravilhoso codinome de tesão de periquito. Explico: ao pisar no fio desencapado, o bichinho verde levou um baita choque...na falta de entendimento do que estava acontecendo, gritou: - ai, que tesão esquisita... (Piada mais velha que o ramal ferroviário Corumbataí-Analândia).
Fazendo uma analogia, concluo que o soltador de rojão nada mais é do que um homem sexualmente impotente que deseja experimentar momentos fugazes e esquisitos de tesão, já que de resto, a coisa não funciona mais.
Portanto leitoras amigas (este artigo é especialmente para vocês) fiquem atentas. Nestes meses juninos e sobretudo quando chega caminhão novo na Prefeitura, quando o Corintians ganha do Unidos de Ibaté, ou quando conseguem desencravar a unha do suplente de diretor da Comissão Especial de Assuntos Irrelevantes, observem quem são os festeiros...e terão, inadvertidamente, um perfil de sua performance erótica ou, em bom português, saberão onde é que a coisa masculina falha. Homem que precisa soltar rojão pra festejar sei não...Melhor evitar.

OBS: A conta do psicanalista do meu cachorro Dudu eu mando pra quem???

(Autor: Fernanda (Fer))

UMA BIBLIOTECA NÃO SERVE PRA NADA

O título parece provocador?
Vivemos na sociedade do conhecimento, pleno século XXI. Embora esta verdade seja incontestável, ainda sobrevivem aldeias que cultivam práticas medievais. Para os mentores destas políticas, a cultura tem valor zero de mercado e o artesão manual (sem nenhum demérito) deve ocupar os espaços culturais.
O vale encantado caminha às tontas por dentre as brumas de Avalon. O rei está pelado há décadas e o povo já acostumou com isso. É muitíssimo importante que os clãs selvagens continuem mantendo o poder porque, afinal, se isto lhes for tomado, o que restará?
Cultura, nem pensar. Pra quê? Biblioteca? Ocupa espaço...abobalha o cérebro e as próximas gerações que se ferrem...
Me vem à memória fatos interessantes: os bárbaros turcos otomanos quando cercaram Constantinopla (atual Istambul) tacaram fogo na biblioteca. Coisa de bárbaro, como se vê. Na década de 70 um filme fez muito sucesso, Farenheit 451, no qual ter livros em casa era crime e a polícia queimava tudo...sobravam seres refugiados numa floresta, que após terem decorado algum livro, passavam-no oralmente para as próximas gerações.
Pois bem, é de pasmar. Num momento em que já se fala em livros digitais “ estampados” em telas de cristal líquido face à urgente necessidade de buscar a informação pertinente, num mundo onde o conhecimento é a moeda de troca, onde, segundo um especialista em tecnologia, passamos de carnívoros a informíveros, tal a importância básica de se consumir informações, é neste mundo que ainda se encontram os repressores da cultura, os seres das cavernas de Platão, que entendem que, à la francesa, o povo só precisa de pão, circo e fofoca pra ser feliz.
Que os deuses do Olimpo continuem nos protegendo.

(Autor: Fernanda (Fer))

O CHUPINHAMENTO DO CHUPINHAMENTO


...sabe o mar, aquela calmaria verde que embala poesias e alimenta paparazzis, santuário de Iemanjá, link entre continentes, metáforas de Neruda, berço das naus de Camões e Pessoa...pois é... : SEGURA AÍ!


Texto genial: Tudo que possa ser relacionado ao mar não presta (a não ser Portugal)chupinhado do blog www.wunderblogs.com/radamanto by Radamanto.


O mar é extremamente nojento. É uma pasta orgânica, como atestado em Augusto dos Anjos. Do mar nada presta, a não ser os peixes e crustáceos, que devem ser comidos crus e de palitinho.O mar, quando quebra na praia, é um lixo. E pior ainda a maresia, e mais pior quando fazem macumbas e comemoram Dia de Ano na beira do mar. Os piores reveillons do mundo são os do Rio de Janeiro e litoral paulista. Vire o ano numa cabana com Thoreau, Arnaldo Batista e apenas um revólver, mas nunca no Rio ou Cananéia.Toda literatura que conta histórias do mar deve ser atirada no mar. Todas as histórias em que há baleias, tubarões e polvos gigantes. Mas isso serve apenas para as histórias do mar, não histórias em que o mar apareça incidentalmente ou se faça referência casual a ele. Lolita, por exemplo, tem um mar lá uma hora. Mas é só pra aparecer gente de biquíni e justificar um futuro romance pedófilo na vida do personagem, então vale nesse caso. Mas só nesse e nuns outros casos, dos quais não me ocorre nenhum agora.Desenhos animados que se passam no fundo do mar são legais e engraçados, mas justamente porque fazem uma caricatura do mar, o que, diga-se de passagem, não é difícil. O mar, essa coisa idiota. Não respeito um planeta em que 2/3 da superfície seja coberta de salmoura, e o resto habitado por uns macacos vestidos de calça jeans. Quando o sol finalmente cozinhar a Terra, sopa é o que não vai faltar, é verdade, ainda que intragável e não recomendada para hipertensos. "Grandes baleias cozidas boiarão suculentas na superfície, mas não poderão comê-las, pois não lhes restará talher e serão demasiado fresquitos para comer com as mãos."A melhor coisa que se pode esperar do mar é uma tsunami, antes chamada vagalhão, que aniquila as populações chamadas costeiras e quem mais estiver por ali de passagem. Parabéns, pois, à tsunami, esse importante agente seletor.Criaturas terríveis saem do mar para atacar a humanidade. Lagartixas gigantes que estupram virgens na praia, monstros marinhos supostamente extintos há milhares de anos, Amyr Klink, Lawrence Wabba, Jacques Cousteau...Homem que gosta do mar é bicha. Surfista, velejador, triatleta... tudo viado. Esportes à beira mar levam nomes como frescobol e geralmente são praticados por Millôr Fernandes ou alegres rapazes vestidos com neoprene agarradinho. Piratas, esses terríveis lobos do mar, (üüühhh), usavam brinco, lencinho na cabeça e uma garrafa de rum sabe-se lá onde. "Hello, sailor" era o grito de terror que assolava os mares. No caso da sua embarcação ter a infelicidade de ser abalroada por piratas, prepare-se para uma noite de Village People e Enrique Iglesias.Existe coisa mais idiota que um cruzeiro? A pessoa pensa: pego um avião e acordo no destino ou vou 3000 vezes mais devagar, vendo a mesma paisagem entediante todo dia, trancado num espacinho exíguo com 1200 idiotas e shows de cancã às 7 da noite? Ah, claro, show de cancã, pô... Quem não gosta de show de cancã?Neste artigo, que faz parte da série "Ódio: Motor Imóvel do Universo", atacamos o mar. No próximo atacaremos a luz, que só não é mais devagar que Rubinho Barrichello, e no seguinte falaremos mal dos hidrocarbonetos e todas as desgraças deles advindas.Até lá.(...) Mas a alga usufructuária dos oceanosE os malacopterígios subraquianosQue um castigo de espécie emudeceu,No eterno horror das convulsões marítimasPareciam também corpos de vítimasCondenadas à Morte, assim como eu!

MÃE É SINA



Destino, fado, sorte. E pode ser mãe assassina. Não de fato, de direito. Aquela que bate no peito e faz chantagem, a que cobra e controla, aquela que te esmaga quando te afaga . Você sai da barra da saia e já enverga ao peso da culpa...e se desculpa, infinitamente se desculpa. Pedra amarrada no pescoço, aquela que “santamente” te amamentou e hoje cobra com juros dobrados e redobrados tudo que custou. È...tem essa mãe sim, pra tudo quanto é lado. Tá horrorizado???? Bobagem. Eu quero é ver ter coragem de admitir o lado B desta questão, sem depois ajoelhar pra rezar oitenta ave-marias em ato de contrição.

(Autor: Fernanda (Fer))

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Concursão do Blog da aldeia: para quem vive em Ogrolândia e tem alergia de jaca

Complete a frase:

Uma jacataca incomoda muita gente_______________________

e ganhe a certeza de que você é capaz de não escorregar na jaca e nem ser atacado por ela.

DE FERNANDO PESSOA

" Não tenho sentimento nenhum político ou social.
Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é minha língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente.
Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse".
Livro do Desassossego

O-CULTO

Existem diversas religiões. Cada pessoa acha que a sua é a certa e única. Se todas estão corretas, não nos aborreça com a sua verdade já que a nossa também está valendo. Acalmai vossa inquietação porque a vossa crença é a expressão da verdade absoluta, já que a nossa, para vós, é um tremendo equívoco. Portanto, irmão, dependeis de nós.
QUESTÃO
Seria o culto religioso ópio, álcool, perversão sexual, euforia doentia, o nada travestido de azul, a burrice assumida, vedação anti-possibilidades diversas, ditadura moral, mestres em bacanal? Leitor, ajude-nos a entender. (Autores: Fernanda e Lara)

terça-feira, 14 de agosto de 2007

NOTES FROM THE OGROLAND

Inspiradas em NOTES FROM THE UNDERGROUND de DOSTOIÉVISKY, criamos esta coluna que explora fatos reais tratados de modo surreal.

* The alien arrived carrying his big suitcase.
-Where is the library?, asked to the beggar in front of devil's pub.
The beggar answered:
- Go to the vegetable garden and ask to the fruit of the jack tree.

* A priest is talking with some women in front of the church at midnight. Turning the corner the huge bonfire was ready to grill the priest and some ogre and ogress handle light matches in their hands.

* In the village, sky-rockets explode each time that a stupid man do a new fait like to rise his own phallic member. And all the dogs from the neighborhood bark till be crazy.

(By Fernanda)