
A Barca transpõe as margens da lagoa... A imensidão escorre nas gotas brilhantes de sol.
A Barca corre, patina, desliza na solidão cristalina. Cristalina, nos Olhos-Que-Tudo-Vêem, templo do olho já morreu, jazigo de ouro nasce e permanece. Osíris, flor molecular, abre os braços e carrega a Barca nas Brumas de Avalon. Aquela múmia, à beira da lagoa, toma o posto de Ishtar, a deusa estrela, que some na ilusão solar. “Devolva as oferendas, deusa, que seu povo já morreu!” O Templo do Olho fechou as pálpebras aos brilhos de Amon e Aton. Ilusão atômica, pó-de-estrelas. A Barca corre dos papões de luz: buracos negros, trançados entre os átomos sinfônicos. Devastada a tradição, morrem as gigantes do deserto. Túmulos de história, não de homens. Mausoléus genéticos do mundo.
Gandhi é um sonho inatingível. A Guerra, a personalidade ilógica do homem.
Maiakovsky revoluciona! Akhmátova grita! Fernando Pessoa delira sabedoria... A Barca transpõe limites irreconhecíveis. Jackson Pollock dança Duncan em sua arte e o índio Dom Juan tem mais vida do que os vivos.
Elvis Presley e George Balanchine escandalizam os tolos.
A Besta segura a tocha.
E a Barca desliza...
Imita a eternidade em versos irrecuperáveis.
O Homem se virtualiza , não com a virtude, mas com a internet.
A natureza agoniza. O homem emburrece cada vez mais .
O Templo dos Deuses já morreu...
O Templo dos Homens está morrendo...
Pergunto: O que é a Barca?
Tempo.Abarca o tempo...
Pergunto: Quem está na Barca?
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